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Pandemia e Psicanálise On Line

A análise, no viés Freudiano, teria como meta básica o bem amar e trabalhar. Então, essas demandas universais humanas, para serem atendidas no meio de uma pandemia, requerem criatividade e reposicionamento.

Diante desse real (enquanto realidade de isolamento e angústia), nossos sintomas aparecem no social e na singularidade, diria Lacan. .

Na singularidade, o psicanalista é convocado a ouvir como isso está chegando a cada um, nas suas repetições, nas suas fobias potencializadas, nas obsessões que se avolumam com os cuidados, entre tantos sintomas estruturais.

Freud, em seu “Projeto para uma psicologia científica”, nos diz que o aparelho psíquico está preparando para dar conta das necessidades da vida e que desejo é de outra ordem. Quando a sobrevivência se torna demanda maior, o que é desejante fica em segundo plano, sujeito à pressão, sintomas.

Se em Lacan, angústia diz da emergência do desejo, que lugar ela está tendo na singularidade, sem o tradicional lugar clínico?

E o amar? Falando de narcisismo, Freud, diz que o narciso é quem cuida muito bem de sua saúde, mas sendo bem verdade que quem não ama adoece. Então, isolamento social, é porta aberta para depressão ou para a melancolia que podem levar ao suicídio.

Tem sido emocionante ver o encontro do desejo do analista com o do paciente, numa forte transferência que mantém o processo analítico num setting virtual, apostando na cura pela palavra, que não fica impedida pela via da comunicação que a tecnologia permite.

O risco nessa pandemia de luto melancólico é alto, com níveis maiores de suicídio, justo pela eminência da perda de objetos vitais: trabalho e afeto. Agora, cada sujeito evidentemente tem que cuidar de si com criatividade. E seguir trabalhando de modo compatível com o confinamento e amando, com saúde física e mental. Como diria Lacan, “nada impede que um analista seja psicoterapeuta, quando convocado”. Essa compreensão, no contexto da angústia que vivemos, é fundamental para desmistificar a caricatura do analista mudo, que só pontua, sem nada dizer.

Muitas pessoas estão tendo urgência de falar e de terem palavras de suporte, como ato analítico que potencialize o lugar do sujeito do inconsciente, do sujeito desejante que precisa ser acolhido, para pensar que reposicionamentos terá que ter, com o princípio de realidade que exige muitos cuidados.

E nós, psicanalistas, somos convocados a recriar um divã on-line que nos garanta manter um lugar saudável de escuta na transferência com nossos pacientes.

Oscar Fontella (Psicólogo e psicanalista, graduado e pós-graduado na UFRGS). Contato: (51)98419-4143

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